As
contratações de novos empreendimentos no Minha Casa Minha Vida (MCMV) evoluíram
lentamente na primeira metade do ano, devido a gargalos gerados por mudanças
nas regras do programa. Agora, o governo federal já admite que será possível
cumprir apenas uma parte das metas estabelecidas para 2017.
No
primeiro semestre, foram contratadas 165,6 mil unidades no MCMV, o que
corresponde a 27% da meta consolidada de 610 mil unidades em 2017, de acordo
com balanço fornecido pelo Ministério das Cidades.
O
levantamento mostra que o gargalo está na faixa 1. Este segmento atende a
população mais carente, com renda mensal de até R$ 1,8 mil, sendo que a compra
das moradias é subsidiada em até 90% pelo Tesouro Nacional. No primeiro
semestre, foram contratadas apenas 2,4 mil unidades, o equivalente a apenas
1,4% da meta de 170 mil no ano nesta faixa.
Por
conta desse atraso, o governo admite que não será possível atingir a meta desta
faixa, que foi divulgada meses atrás como uma renovação do setor. "A
contratação das 170 mil unidades na faixa 1 não ocorrerá 100% em 2017",
disse a secretária nacional da habitação, Maria Henriqueta Alves..
A
faixa 1 ficou sem novos projetos em 2016 por conta do aperto nas contas
públicas e das turbulências na transição na presidência. Além disso, havia 60
mil unidades com obras paradas por falta de pagamento às construtoras. A nova
gestão do Ministério das Cidades já retomou a maior parte das obras neste ano,
e ainda divulgou o plano de contratar 170 mil unidades, mas que ainda não
deslanchou.
Segundo
a secretária, o atraso se deve à mudança, em março, nas regras de contratação
de novos empreendimentos na faixa 1. "Tem uma defasagem grande, pois
começamos as contratações só depois de março, quando foi publicada portaria
atualizando as regras", explicou Henriqueta.
A
nova regra permite às cooperativas e associações apresentarem à Caixa Econômica
Federal projetos preliminares dos conjuntos habitacionais. Esses projetos ficam
sujeitos a detalhamentos de plano de engenharia, viabilidade financeira e
apresentação de licenças, entre outros itens, se a contratação for confirmada
pelo banco. Esse processo leva mais tempo do que o modelo anterior, em que as
entidades apresentavam projetos prontos à Caixa, que concedia uma aprovação
praticamente automática.
"Como
o recurso do Tesouro é mais escasso atualmente, a intenção da nova regra foi
diminuir o custo das entidades com a elaboração dos projetos, pois há maior
risco de não serem aceitos. Nossas diretrizes são claras. Só vamos contratar se
tiver dinheiro", frisou a secretária da habitação.
Henriqueta
acrescentou que as mudanças também aumentaram a transparência e a isonomia do
processo seletivo, e, apesar da demora, o fluxo tende a se regularizar em
breve. No início de junho, o governo já divulgou uma lista de 122 propostas
para as novas contratações da faixa 1 do MCMV, com investimentos de R$ 2,1
bilhões, em 77 municípios. "Foi uma medida assertiva", avaliou.
Faixas 1,5, 2 e 3
O
balanço do Ministério das Cidades mostra que a faixa 2 (para famílias com renda
de até R$ 4,0 mil) e a faixa 3 (até R$ 9,0 mil) tiveram maior evolução, embora
também estejam abaixo da meta. As duas faixas tiveram, juntas, 163,8 mil
unidades contratadas no semestre, ou 41% da meta do ano, que é de um total de
400 mil unidades para os dois segmentos.
A
secretária nacional da habitação ressaltou que a meta será alcançada no ano
para as faixas 2 e 3. Henriqueta também refutou rumores sobre a falta de
recursos para esse projetos, que contam com dinheiro do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS). Mesmo com o saque de R$ 44 bilhões das contas inativas
neste ano, o orçamento destinado pelo fundo para o programa habitacional está
preservado, de acordo com a secretária.
"Temos
um orçamento que garante a sustentabilidade do FGTS e do Minha Casa nos próximos
anos", afirmou. Ela ponderou, entretanto, que não será possível realizar
suplementações no orçamento em 2017 caso as construtoras tenham demanda por um
volume de contratações acima do teto já estipulado.
O
balanço fornecido pelo ministério não inclui a recém-criada faixa 1,5, que é
contabilizada de forma diferenciada. O segmento é voltado para famílias com
renda de até R$ 2,6 mil, e conta com subsídio de até R$ 45 mil, sendo que até
10% disso sai do Tesouro e os 90% restantes, do FGTS. A meta nesta faixa é de
40 mil contratações em 2017. (AE)
Sexta-feira,
11 de agosto, 2017 ás 07hs00
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