Brasileiros
que se aposentaram por tempo de contribuição em 2017 eram mais jovens do que
quem solicitou o benefício em 2016, segundo dados da Secretaria de Previdência.
Entre as mulheres, a idade média na concessão da aposentadoria caiu de 53,25
para 52,8 anos. Entre os homens, essa idade passou de 55,82 para 55,57 anos.
Os
resultados interromperam uma tendência longa, embora gradual, de aumentos na
idade média de concessão das aposentadorias. A última vez em que houve queda
foi em 2008, entre homens, e em 2005, entre mulheres. Do total de 1,4 milhão de
aposentadorias concedidas no ano passado, 470 mil foram por tempo de
contribuição.
A
aposentadoria precoce onera as contas públicas porque a expectativa de vida dos
brasileiros é maior do que no passado, ou seja, o beneficiário tende a ficar
mais tempo recebendo os valores do INSS. Segundo o IBGE, uma mulher aos 53 anos
tende a viver outros 30. Já a expectativa de sobrevida de um homem de 55 anos é
de mais 24 anos.
A
idade média de aposentadoria no Brasil é menor do que entre os países-membros
da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é
superior a 64 anos no caso de homens. Em 2017, o rombo no INSS atingiu o
recorde de R$ 182,45 bilhões.
Segundo
o secretário de Previdência, Marcelo Caetano, o problema não é apenas o recuo
da idade mínima, mas o fato de que ela tem se mantido no mesmo patamar na
última década. Isso indica que os trabalhadores não estão mais postergando o
pedido de aposentadoria como esperava o governo com regras como o fator
previdenciário (que reduz o valor do benefício quanto mais novo é o segurado)
ou a fórmula 85/95 (que concede 100% do salário de contribuição a quem espera
uma soma de idade e tempo de serviço). “Isso reforça a necessidade de se ter
idade mínima de aposentadoria no Brasil”, diz Caetano.
A
reforma da Previdência foi engavetada pelo presidente Michel Temer por falta de
apoio suficiente no Congresso e por causa da intervenção federal na segurança
do Rio – medida que impede alterações na Constituição. A proposta previa idades
mínimas iniciais de 53 anos para mulheres e 55 anos para homens, com aumento
gradual ao longo de duas décadas até chegar a 62 anos para mulheres e 65 para
homens. Hoje, quem se aposenta por tempo de contribuição não precisa cumprir
nenhuma idade mínima.
A
discussão da reforma ao longo de 2017 e o medo de mudanças podem ter levado
muitas pessoas a uma corrida para solicitar a aposentadoria, reduzindo a idade
média da concessão do benefício, avalia o economista Pedro Nery, consultor
legislativo do Senado e especialista em Previdência. “Quem já tinha preenchido
os requisitos não seria afetado pela reforma e poderia esperar até conseguir
uma aposentadoria mais vantajosa, mas o desconhecimento tende a provocar o
movimento de antecipação”, afirma o técnico. (AE)
Terça-feira,
06 de março, 2018 ás 09hs30
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