Os
pais precisam se aproximar dos filhos para evitar o uso problemático de computadores,
jogos eletrônicos e celulares, defendem as especialistas que participaram na terça-feira (7/8) do Workshop Impactos da Exposição de Crianças e Adolescentes na Internet. O
evento foi promovido pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e pelo
Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
“A
gente não escuta os nossos filhos, não dá importância para as necessidades
deles”, enfatizou a gerente da assessoria jurídica do Nic.br, Kelli Angelini.
Ela citou dados levantados pela entidade que mostram que grande parte dos
adolescentes de 11 a 17 anos estão expostos a conteúdos impróprios na rede.
“Será que os pais estão atentos a isso? Será que os pais sabem que 27% das
meninas que responderam a pesquisa já tiveram acesso a conteúdo que estão relacionados
a formas de ficar mais magro? ”, exemplificou.
Usos problemáticos
O
mau uso das tecnologias ou o abuso de celulares e jogos eletrônicos pode levar
ao desenvolvimento de diversos problemas, de acordo com a pediatra e professora
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Evelyn Eisenstein. “Nós já estamos
vendo o primeiro sintoma: transtornos de sono. Crianças que dormem menos.
Crianças para dormir bem, em uma fase de crescimento, têm que dormir entre oito
e nove horas. Nós temos crianças dormindo 6 horas”, destacou.
No
caso dos adolescentes, a psicóloga Evelise Galvão de Carvalho disse que muitas
vezes os jogos eletrônicos são uma forma de fugir das frustrações cotidianas.
Garotos com dificuldade de se socializar, por exemplo, conseguem ter vidas mais
atrativas no mundo virtual, de acordo com a especialista. “Quando ele chega em
casa, depois da escola, ele entra no jogo e muda tudo. E dentro do jogo ele
passa a ser um avatar. Dentro do jogo ele não tem idade, não envelhece, tem uma
namorada há mais de um ano. Ele passa tempo com essa pessoa, fazem coisas
juntos dentro do jogo”, enumerou sobre as realizações possíveis dentro do
ambiente virtual.
“Embora
não seja verdadeiro o que ele está vivendo, as sensações e as reações são
verdadeiras, são gratificantes”, acrescenta Evelise. Jovens nesse tipo de
situação estão, segundo a psicóloga, mais predispostos a estabelecer uma
relação problemática com os jogos. Isso acontece quando o jovem passa a dedicar
mais energia à virtualidade do que ao mundo real, deixando até obrigações de
lado para jogar.
A
especialista ressalta que é preciso refletir por que a vida cotidiana é tão
frustrante e desanimadora para parte dos adolescentes. “Que tipo de mundo nós
estamos oferecendo para as nossas crianças e adolescentes que eles estão
preferindo viver em um mundo que não é real do que viver aqui com a gente?”,
questiona Evelise.
Proibição
No
entanto, a psicóloga se diz contrária a proibir o uso das tecnologias pelos
jovens como forma de tentar contornar os
problemas. “O movimento de luta contra as tecnologias é uma guerra sem fim, que
a gente nunca vai ganhar. Nós vivemos em um mundo tecnológico, não tem mais
volta. A tendência é ao contrário, cada vez mais a gente vai estar inserido e
vivendo com essa tecnologia”, enfatizou.
“Proibir
eu não estou ensinando nada”, acrescentou ao comentar a interdição do uso de
celular em algumas escolas. “A gente vem em contramão de outros países que
inserem os celulares nas escolas”, ressaltou.
“Não
acho que seja proibir, castigar, mas ensinar sobre o uso. Dialogar. Colocar regras,
limites, saber explicar para o seu filho e sua filha o uso correto”, concordou
a professora Evelyn Eisenstein. (ABr)
Terça-feira,
7 de agosto, 2018 ás 18:00
Nenhum comentário:
Postar um comentário